terça-feira, 9 de agosto de 2022

Desigualdade Social, a Solução Final (Roberto Rachewsky)

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Texto publicado em 08.08.2022 no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS

Ninguém tratou a desigualdade social melhor que Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, grupo revolucionário comunista que governou o Camboja de 1975 a 1979. De família rica, Pol Pot estudou em Paris, onde conheceu as ideias de Rousseau, Marx, Stalin e Mao. Com Kropotkin, anarquista russo, aprendeu sobre o igualitarismo, doutrina na qual Pol Pot se especializou, levando-a às últimas consequências. Para impedir que os indivíduos mais qualificados, criativos, produtivos, ambiciosos se sobressaíssem na sociedade cambojana, não hesitou em usar a violência extrema. 

A natureza racional do homem demanda que os indivíduos sejam livres para agirem de acordo com o seu próprio julgamento para desenvolverem habilidades, adquirirem conhecimento e bens, interagirem com os demais para a maximização de potencialidades e oportunidades individuais no contexto social, buscando satisfazerem o seu autointeresse. 

Pol Pot sabia que homens livres não são iguais. Por isso, evacuou cidades, transferindo os seus habitantes para áreas rurais para trabalharem com monocultura agrícola como escravos do seu governo. Os cambojanos foram destituídos dos seus bens; famílias foram dissolvidas; e cientistas, professores, clérigos, adultos pertencentes à classe média foram considerados corruptos e mortos. Pessoas com problemas de visão tiveram os seus óculos confiscados para que ninguém enxergasse melhor que os outros. Quem demonstrasse possuir conhecimento superior era sumariamente exterminado.

Os comunistas tinham ciência de que para acabar com a desigualdade social, natural à espécie humana, era preciso transformar cada indivíduo num animal irracional, incapaz de adquirir e usar conhecimento, de criar e produzir riqueza. No Camboja, a igualdade social foi conquistada na forma de cadáveres empilhados aos milhões em montanhas de ossos.

Seres humanos não são iguais. Onde liberdade e propriedade existem, como no capitalismo, os resultados produzidos pelos indivíduos sempre serão desiguais. O capitalismo não acaba com a desigualdade social porque não é um sistema desumano. O que acaba no capitalismo é a miséria, este, sim, problema real da humanidade, mas que vem sendo reduzido desde a Revolução Industrial.

Quando vierem lhe falar de desigualdade social, pergunte: “Já ouviste falar em Pol Pot?”. Se a resposta for não, recomende Gritos do Silêncio, título em português do filme The Killing Fields, os campos da morte, em tradução literal.


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Comentário na seção dos leitores de João Carlos Stona Heberle, um médico de Cruz Alta (RS),  no dia seguinte à publicação do texto acima no jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS):

 

O texto “Desigualdade social, a solução final”, de Roberto Rachewsky (ZH, 8/8), cita Pol Pot (um déspota) como “exemplo” de comunismo e diz que o que acaba no capitalismo é a miséria! Em que país vive Roberto? Pois no nosso Brasil capitalista, 33 milhões de pessoas estão passando fome. Programas como Fome Zero, Minha Casa Minha Vida e o Prouni, da dita “esquerda”, esses sim, diminuem a desigualdade social.

 

O livre mercado — o capitalismo — envolve propriedade privada, trocas voluntárias, oferta e demanda, sistema de preços, empreendedores servindo consumidores/usuários; irrestrita liberdade de entrada no processo de mercado; processo de poupança, investimento e acumulação de capital. Nada tem a ver com socialismo (propriedade estatal de tudo e de todos) e intervencionismo (economia de compadrio).

O estado é apenas um aparato de coerção, de violência, de agressão. Ele não produz riqueza. Ele somente a confisca e a redistribui, ficando para si — i.e., para os políticos e os burocratas que o comandam — a maior parte desse esbulho. Tais “programas sociais” somente servem para polir a imagem do Bandido Estacionário e obter apoio político-eleitoral.

O estado brasileiro simplesmente não permite o capitalismo genuíno no país. Não existe verdadeiro livre mercado por aqui; o intervencionismo estatal domina tudo. Se houvesse genuíno capitalismo por aqui, o nível de miséria seria muitíssimo menor.

O socialismo significa que todos os meios de produção estão sob o controle do estado. Na prática, o estado torna-se dono de tudo e de todos. A força de trabalho dos indivíduos é também um meio de produção; o socialismo, então, significa que a força de trabalho das pessoas pertence ao estado, não a elas. Na realidade, as próprias pessoas pertencem ao estado.

O médico chamou Pol Pot de “um déspota”, dando a entender que o socialismo do Khmer Vermelho foi apenas “despotismo”, “ditadura”, “opressão”, deixando, portanto, de configurar o “verdadeiro socialismo” — então todas as atrocidades do socialismo nas diversas regiões do planeta aconteceram apenas porque o socialismo foi aplicado de maneira errada. O socialismo, porém, dá o poder absoluto a um grupelho de políticos e burocratas. E o poder absoluto resulta em atrocidades absolutas. (O socialismo, ademais, prega o extermínio de quem seja inimigo do proletariado e da revolução — “burgueses”, por exemplo.)

Esse número de pessoas que o médico diz que estão passando fome — trinta e três milhões — é apenas propaganda esquerdista.

Finalizo: A “igualdade plena” só é possível por meio de ilimitada violência para rebaixar os seres humanos a um denominador comum: escravos animalescos.


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