A administração atual, nas figuras de P. Guedes e R. Campos Neto, promove uma política de depreciar o real diante do dólar. A ideia subjacente: uma moeda fraca, com decrescente poder de compra, seria vantajosa para a economia brasileira.
O estado, porém, é apenas um monopolista territorial da coerção. Ele não produz riqueza; apenas a expropria, principalmente por meio da tributação e da inflação monetária.
O inflacionismo já foi praticado na história humana. Muitas vezes. E os resultados sempre foram catastróficos. A depreciação monetária — na forma de: degradação de moedas metálicas; emissão de cédulas e dígitos eletrônicos; expansão artificial de crédito — sempre causou a ruína econômica.
A moeda é somente um meio de troca; ela surgiu espontaneamente, no processo de mercado, como o produto de maior liquidez, capaz de afastar o problema do escambo. O estado, com o seu poder de coerção, usurpou para si a emissão dela.
O crescimento econômico verdadeiro — que traz nítido aumento no padrão de vida material da população — ocorre através do árduo processo de poupança (abstenção do consumo), investimento e acumulação de capital. Investimentos realmente produtivos são investimentos de longo prazo. O padrão de vida material se eleva com uma maior disponibilidade de bens de consumo, que é a consequência de existir uma estrutura produtiva maior e melhor. Isso tudo é extremamente debilitado por uma moeda fraca, com queda contínua no seu poder de compra.
Diante do dólar alto, os produtos importados (incluindo insumos, maquinário, peças de reposição, remédios, equipamentos médicos) encarecem, assim como combustíveis (petróleo e derivados), produtos primários (soja, trigo) e energia elétrica, gerando-se um efeito em cascata.
São pouquíssimos os beneficiados — e apenas no curto prazo — com uma moeda fraca. Por exemplo, exportadoras que não necessitam de insumos e bens de capital importados.
A economia brasileira precisa, acima de tudo, de moeda forte, cujo poder de compra aumente no decorrer do tempo. Se isso acontecesse, o padrão de vida material se elevaria. Um ótimo primeiro passo seria liberar a circulação irrestrita do dólar ao lado do real — com essa concorrência, o Banco Central teria de cuidar melhor da moeda que emite.
Diante da enorme encrenca em que P. Guedes e R. Campos Neto estão metendo o Brasil com a sua explícita política de real fraco, a administração atual cada vez mais perderá popularidade, e o PT poderá facilmente voltar ao poder em 2022. E desta vez o Partido dos Trabalhadores provavelmente não titubeará em implantar o socialismo total — cujos nefastos efeitos podem ser verificados na Venezuela, um país vizinho.
Excelente artigo !! Parabéns !!
ResponderExcluirMuito obrigado, Tony!
ExcluirOlá! Na prática. como seria essa circulação irrestrita do dólar ao lado do real? Há algum projeto para que isso aconteça? Teria algum exemplo de como isso ocorre em algum lugar do mundo? Obrigado.
ResponderExcluirOlá, Jonas.
ExcluirA circulação irrestrita seria dar ao dólar as mesmas prerrogativas do real. Sem incidência de imposto (IOF) no momento de adquirir dólares. Com proteção a contratos firmados em dólar. Com plena segurança jurídica para converter real em dólar em qualquer momento.
No Peru, o dólar circula lado a lado com o sol. E isso trouxe ótimas condições para a economia peruana.
Parece que existem iniciativas tímidas de permitir que os brasileiros tenham conta bancária em dólar.
Olá, Marcelo. Obrigado pela resposta. Sim, realmente, tenho uma amiga no Peru que recebe o salário em dólares e depois troca para soles. Em relação às iniciativas do Brasil, questões como investimentos no exterior através de BDR's somente para investidores qualificados é um outro ponto que nos torna muito refém do real. Agora, você considera que as moedas digitais como o Bitcoin podem nos ajudar em relação a reserva de valor? Qual sua visão sobre, pois apesar da alta volatilidade deste tipo de ativo, eles não tem uma agência por trás para alterar seu valor?
ExcluirSim, amigo, o estado brasileiro faz de tudo para tornar a população refém do real.
ExcluirNa história humana, o estado sempre foi uma organização exploradora, beneficiando uns poucos em detrimento do resto.
Quanto às criptomoedas (em especial, Bitcoin e Monero), eu as considero invenções maravilhosas. A ideia de “proof-of-work” (mineração), a ideia de “peer-to-peer” (ausência de um terceiro atravessador, como uma instituição bancária) são fantásticas.
As criptomoedas podem, sim, proteger as pessoas comuns da depreciação das moedas estatais. Mas o criptomercado ainda precisa de muito tempo para se consolidar.
A falta de fungibilidade no Bitcoin (blockchain transparente) é uma questão que me incomoda bastante. A blockchain da moeda Monero, por sua vez, é opaca.
O criptomercado tem enorme potencial. Visto que ele se encontra no início da sua existência, eu considero normal a sua elevada volatilidade. Existem indícios de manipulação por “baleias”, mas esse mercado, se comparado com outros, é bastante livre (desregulamentado) e concorrencial (várias “exchanges” — bolsas — concorrendo entre si).
Recomendo-lhe este livro:
https://drive.google.com/file/d/1Lr9QMNOn0Vdu6halxoPh5AzcBFGXoCo_/view?usp=drivesdk
Grande abraço, Jonas!
Parabéns pelo artigo, Marcelo.
ResponderExcluirTambém gostaria de salientar aqui a questão dos bancos não terem poupança em dólares, o que poderia ser utilizado como mecanismo de hedge em vez da pratica de atuar no mercado de forma descentralizada ofertando retornos futuros com grandes quantidades de dinheiro, principalmente em momentos de baixa liquidez e saída de dólares.
É algo que a meu ver poderia dar muito certo, uma vez que interesses de brasileiros(em comprar barato e "guardar" a certo retorno) é cada vez maior em altas oscilações.
O retorno de tal fundo poderia ser atrelada a oscilações de mercado, que seguiria o ritmo do mercado de forma mais ampla, em vez do BC soltar swaps e vender dólar à vista pra gerar liquidez.
Hoje o controle é puramente especulatório: dar garantias de retorno mesmo que a moeda tenha deterioração é totalmente fora do normal.
Historicamente, se você analisar, o real só ganhou forças quando o PIB cresceu bastante e houve pouca intervenção do BC.
O que significa que:
* Havendo intervenções a moeda não perde forças "realmente".
* Maior PIB = mais moeda girando = mais investimentos = mais fluxo cambial.
* O BC tem que parar de intervir entrando em desfavor ao fluxo de mercado e oferecendo garantias em favor do fluxo: ALTA do dólar(o que é esperado), porque isso só impulsiona a moeda e não tem efeito reversivo nenhum.
* O BC tem que oferecer retornos em caso de valorização da moeda nacional e não em desfavor(como acontece), tem também que abrir os dados e o sistema para que a transparência seja total e os investidores se sintam seguros com a moeda.
O resto é só política de desvalorização cambial institucionalizada que vem sendo utilizada há muito tempo, que tira dinheiro do povo pra sustentar a moeda perante o dólar sem comprovação de que esteja sendo efetivamente servindo e não fazendo com que o país perca poder de compra e, ainda, tenha a moeda desvalorizada artificialmente devido à má administração estatal.
"Selic" a 3,75% como dizem, será um grande tiro no pé e desvalorizará o real como nunca antes já foi visto.
ExcluirO país vai perder a confiança dos investidores externos em troca de uma política cambial sem pé nem cabeça, nem viés, sem motivo e sem objetivo algum.
O mercado só está aguardando a decisão pra dar a sentença final pra essa moeda fajuta, má controlada e má administrada.
E ainda querem independência do BC, a troco de quê?
Só podem estar querendo acabar com o que resta da economia, é a única resposta.
Quanta maluquice num mesmo texto.
ResponderExcluirO caminho é juro baixo + cambio desvalorizado + investimento público.
Então você defende, por exemplo, a hiperinflação na Venezuela? Você defende a hiperinflação no Brasil da década de 1980 e no início dos anos 1990? Você defende a contínua queda no poder de compra da esmagadora maioria da população? Você defende o setor exportador de produtos primários? Você defende a bancada ruralista bolsonarista?
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